Para exercer medicina nos Estados Unidos todo mundo começa com o mesmo desafio: passar nas provas do United States Medical Licensing Examination (USMLE), o exame oficial para obter a licença médica americana. Desde que começamos o blog, temos falado detalhadamente de cada fase do processo, mas como tem muita gente nova chegando, resolvemos fazer um resumão pra dar uma ideia geral do percurso.

O USMLE é dividido em três exames. O Step 1 e o Step 2 CK– Clinical Knowledge podem ser feitos em algumas cidades brasileiras. Já o Step 2 CS – Clinical Skills, é realizado presencialmente, nos EUA. Existe ainda o Step 3, mas esse não é pré-requisito para validar o diploma. Mais do que medir o conhecimento teórico, o USMLE avalia se o candidato é capaz de aplicar conhecimento científico, conceitos e habilidades em um cenário clínico. O Step 1 é uma prova para testar seus conhecimentos sobre as Ciências Básicas, ou seja, aquelas matérias que você vê nos primeiros anos de faculdade: Patologia, Farmacologia, Fisio, Bioquímica, Anatomia e por aí vai… Você pode começar a se preparar para ela a qualquer momento, desde que tenha concluído o ciclo básico da escola de Medicina.

O Step 2 avalia seu conhecimento sobre assuntos específicos e o ideal é que você já esteja numa fase mais avançada, durante o internato, por exemplo. Ele é dividido em duas etapas: o CK compreende questões sobre o ciclo clínico: Medicina Interna (praticamente 50% do total), Ginecologia e Obstetrícia, Psiquiatria, Pediatria, Epidemiologia, Saúde Pública e Cirurgia. Já o CS é uma prova prática para avaliar as Competências Clínicas. Cada candidato deve examinar 12 pessoas (atores profissionais simulando problemas de saúde). São concedidos 25 minutos para cada caso, sendo 15 para colher a anamnese e fazer o exame físico e 10 para escrever o prontuário. Nessa prova também são avaliadas a habilidade de comunicação do médico com o paciente, a capacidade de compartilhar informações, o profissionalismo e a clareza do inglês.

Uma vez que você já tenha passado nestas três provas e recebido o certificado do ECFMG (Education Commission for Foreign Medical Graduates), você estará apto a aplicar para a residência médica como qualquer estudante de medicina americano. As notas têm um peso muito grande no processo seletivo, mas vão se somar a outros critérios de elegibilidade. Então, se eu tiver que resumir suas prioridades, eu diria: suas notas e networking.

Se você tiver condições, a melhor opção é se inscrever em programas de estágio nos Estados Unidos. Além de conhecer melhor o sistema médico americano, você terá a chance de formar sua network e aumentar as possibilidades de voltar para a residência no mesmo lugar que te acolheu para estagiar. Com os estágios, você também vai conseguir as famosas “cartas de recomendação americanas”. Quando meus alunos me perguntam sobre este quesito, minha orientação sempre é que devem ter uma carta de recomendação brasileira, que possa contar sobre sua experiência antes de ir para os Estados Unidos, e umas outras três de profissionais americanos, que possam falar a seu favor.

Outro critério super considerado pelos avaliadores, e que normalmente vejo alguns alunos não dando tanta importância, é o personal statement. Isso mesmo! Saber contar a sua história, os motivos que o levaram a escolher a medicina, determinada especialidade em particular, o que te leva a querer sair do seu país e ir para os Estados Unidos, quais são as bases do seu compromisso, tudo isso é definitivo na hora de encantar quem vai decidir o seu futuro!

Com todos os documentos em dia, você poderá se cadastrar no ERAS (Eletronic Residency Application System), uma plataforma online, onde você vai fazer o upload de todos os seus documentos e enviar para os programas que desejar. Depois de aplicar, alguns programas devem te chamar para uma entrevista e você terá que viajar, pois elas são feitas presencialmente, nos hospitais.

É muito importante ter uma ideia de como funciona o calendário de cada processo, para se organizar a tempo. O ERAS abre para upload no fim de junho, início de julho, e sempre é bom se inscrever logo, porque são muitas etapas para concluir. Em meados de setembro, a temporada de aplicação abre e você pode concorrer a quantos programas tiver selecionado. Novamente, vale lembrar que é bom aplicar logo na abertura, para ter mais chances de ser visto pelas bancas.

Saiba escolher os programas a que vai se candidatar. Candidatos estrangeiros costumam aplicar para 60 a 100 programas. (Isso mesmo, você não leu errado!). Pesquise para saber quais são as melhores opções para o seu perfil e quais programas têm histórico de receber mais estudantes estrangeiros. Depois disso, restam as entrevistas, que acontecem normalmente entre outubro e dezembro. Aí é só aguardar pelo tão sonhado Match (seleção dos candidatos pelos programas), que normalmente é divulgado em março.

Muita coisa para assimilar, né? Querendo mais detalhes, dá uma navegada pelos outros artigos aqui do blog da MBSA, que tem muita informação selecionada pra você. Se quiser conversar para tirar dúvidas ou se inscrever para o curso extensivo preparatório para o Step1, manda um direct pra gente pelo Instagram. Temos uma proposta que pode ser bem bacana para você!

Um abraço virtual e até a próxima,
Juliana Soares Linn