Oi pessoal, espero que todos estejam bem nesse momento sensível que o mundo está vivendo. Como infectologista, estou bastante preocupada com o cenário que se apresenta, mas sigo confiante que, com a colaboração de todos, vamos diminuir o impacto dessa pandemia do COVID-19. Deixo para vocês uma série de perguntas e respostas que podem ajudar na conscientização, que é fundamental nesse momento.
1 – Até que ponto pessoas jovens e não vulneráveis estão ameaçadas pelo COVID-19?
Até agora, o que sabemos é que 80% dos casos totais serão leves ou moderados e 20% serão graves ou críticos. Dos 44.672 casos na China, 40% foram pneumonia leve, 40% pneumonia leve, 15% doenças graves e 5% doenças críticas avançadas. Todas as idades podem ser infectadas, mas há uma maior mortalidade entre os idosos e entre aqueles com doenças pré-existentes (em todas as faixas etárias). Os dados apontam que crianças saudáveis tendem a ter doenças mais leves que os adultos.
2 – Como médicos e enfermeiros que recebem pacientes com COVID-19 podem se proteger?
De acordo com duas publicações recentes – de Wu Z. e outros e Chang D. e outros – 41% dos casos de COVID-19 em Wuhan foram relacionados a hospitais, e prestadores de serviços de saúde estavam em maior risco de desenvolver e espalhar a doença. Esses profissionais estão na vanguarda da defesa e são uma parte crítica dos sistemas de saúde, por isso é importante garantir que eles tenham o equipamento de proteção individual necessário (máscaras N95, óculos e roupões de proteção) que possam ajudar a reduzir o risco de exposição. No entanto, é importante esclarecer que não há 100% de proteção. Usar uma máscara N95 (que filtra 95% das partículas transportadas pelo ar) pode limitar a exposição a certas doenças respiratórias, mas não o suficiente para interromper todas as infecções.
3 – Com quem os profissionais que precisam trabalhar devem deixar seus filhos?
Em geral, é importante manter o círculo de convivência o mais restrito possível e não expor sua família a pessoas adicionais. Tente deixar seus filhos com alguém que você confia que seguirá as regras de distanciamento social e, assim, estará menos exposto a contrair a doença. Se possível, os prestadores de cuidados infantis não devem pertencer a um grupo de alto risco para o COVID-19.
4 – Qual é a melhor maneira de me proteger, sabendo que o vírus que causa o COVID-19 sobrevive em superfícies?
É mais provável pegar a infecção pelo ar, se estiver ao lado de alguém infectado, do que tocando em uma superfície contaminada. Tem sido divulgado que o vírus pode durar 72 horas em algumas superfícies, como o plástico, por exemplo, mas a quantidade de vírus que resta nessas superfícies, após alguns dias é menos de 0,1% do material inicial do vírus. A infecção é teoricamente possível, mas improvável nos níveis restantes após alguns dias. A limpeza de superfícies com desinfetante ou sabão é muito eficaz porque, uma vez que a camada oleosa do vírus é desativada, não há como o vírus infectar uma célula hospedeira.
5 – Quanto tempo durará essa crise?
Não sabemos realmente quanto tempo essa pandemia vai durar. Na China, os casos atingiram o pico de cerca de 3.000 infectados por dia, cerca de cinco semanas depois que um número substancial de casos começou a ser registrado. Em 23 de janeiro, a cidade de Wuhan declarou um bloqueio, proibindo viagens de e para a área e ordenando uma quarentena. Mais de 15 hospitais temporários foram criados para lidar com o aumento de casos e cerca de 20% dos pacientes tinham doenças graves ou críticas. Menos de 1.000 casos por dia foram relatados desde 10 de fevereiro, duas semanas após o pico, e menos de 50 casos por dia desde 7 de março. No dia 20 de março a China não registrou novas infecções domésticas por coronavírus. Supondo que os outros países apliquem uma resposta semelhante, a exclusão social será aplicada imediatamente até que a incidência seja reduzida para menos de 1.000 por dia e, depois, recomendada até que haja menos de 100 casos por dia. Com referência ao cronograma da epidemia na China, isso significa seis semanas após o pico, que pode variar de país para país.
Se tiverem alguma dúvida, fiquem à vontade para nos enviar. Continuamos juntos, tentando ajudar da melhor forma que podemos: com informações confiáveis.
Seguimos sem abraços, mas com muito amor no coração.
Até a próxima.
Juliana Soares Linn