No artigo da semana passada, relembramos cada um dos passos necessários para validar o diploma e exercer a medicina nos EUA. Hoje vamos nos aprofundar um pouco mais, para que você tenha uma ideia dos custos de cada etapa do processo e possa se planejar a longo prazo.
O custo total é alto, somando taxas de inscrições, viagens, traduções de documentos, estágios e aplicações, mas você deve considerar que os pagamentos não são feitos de uma só vez. As etapas se estendem durante seu treinamento médico no Brasil e você deve se planejar e estabelecer qual o melhor momento para cada uma delas. Também vale considerar que existe a possibilidade de bolsas durante todos os anos do programa de residência. Os valores variam em torno de US$ 55.000 a US$65.000 por ano e o salário inicial de médico nos EUA, depois de formado, gira em torno de US$200.000/ano.
Se o seu sonho é morar e trabalhar aqui nos EUA, você já deve ter começado a pesquisar e sabe que tudo começa com as provas do USMLE. O exame oficial para entrar para a residência médica e obter a licença é coordenado pela Federação de Conselhos Médicos Estaduais (FSMB) e pelo Conselho Nacional de Examinadores Médicos (NBME) dos Estados Unidos.
O primeiro passo é solicitar a certificação da ECFMG, Educational Commission for Foreign Medical Graduates, cuja taxa é de US$ 145. Estudantes vindos de universidades estrangeiras (conhecidos pela sigla IMG – International Student Graduate) devem fazer as mesmas provas de estudantes formados nos Estados Unidos. Ao todo são quatro exames, divididos em três Steps: Step 1, Step 2 – Clinical Knowledge & Step 2 – Clinical Skills e Step 3.
As provas do Step 1 e Step 2 CK podem ser realizadas em escolas cadastradas no Brasil. O custo de inscrição para cada uma das provas é de US$965. Já o Step 2 CS só pode ser feito nos EUA e você terá que prever gastos com passagem e estadia, além dos US$1.600 da taxa de registro. O Step 3 não é pré-requisito para concorrer a uma vaga de residência e pode ser realizado depois que você já estiver cursando o programa. Existem custos extras para remarcações, traduções de certificados, vistos entre outros, que você pode consultar aqui.
Durante sua formação universitária aí no Brasil e a preparação para os exames, é muito importante tentar um estágio aqui nos Estados Unidos, conhecidos como US Clinical Experience (USCE). Nem todos os programas exigem uma USCE, mas todos valorizam muito, uma vez que é uma evidência de que você é capaz de lidar com as exigências do trabalho em um ambiente hospitalar daqui. Além disso, a experiência em hospitais americanos é capaz de te dar as famosas cartas de recomendação, que precisam ser submetidas com a sua aplicação para a residência.
Quando pensamos em estágio, é bom lembrar que existem dois tipos de experiências. As mais valiosas para você são as conhecidas como hands on experience – que são os clinical electives, clerkships e sub-internships – em que você poderá, efetivamente, acompanhar seus mentores nos procedimentos com pacientes. Em todos esses estágios hands-on você tem as mesmas atribuições dos estudantes de medicina americanos. Existem também os que chamamos de shadowing only – ou seja, os observerships – em que os alunos observam os preceptores no seu trabalho, mas, uma vez que não existe o vínculo estudantil, não podem ter nenhuma interação direta com pacientes. Poucos programas oferecem visitas gratuitas. A maior parte deles vai custar entre US$1.000 a US$4.000, por mês, mais custos de estadia e alimentação.
A etapa decisiva para fazer a residência médica nos EUA é aplicar para os programas. Nesse ponto, você já terá passado nas três provas do USMLE e estará na fase de aplicar através do MyERAS. Resta, então, selecionar os programas a que vai se candidatar. Candidatos americanos costumam aplicar, em média para 20-25 programas. Candidatos estrangeiros costumam se inscrever entre 60 a 100 programas, mas esse não é um número rígido. Como tudo nesse processo, varia um pouco de pessoa para pessoa, especialidade para a especialidade.
Parece muito, mas é a média mesmo. No ciclo 2018/19, para aplicar para até 10 programas, a taxa foi de US$ 99. De 11 a 20 programas, saiu a US$14 cada. De 21 a 30 programas, o custo ia pra US$18 cada e para 31 ou mais programas ficava em US$26 cada. Depois disso, é importante se organizar, pois o processo de entrevistas é presencial, normalmente entre os meses de setembro e dezembro, e você terá que viajar até os hospitais. Por fim, a maioria dos candidatos precisará se registrar no National Resident Matching Program (NRMP), que custa mais US $ 85.
Se tudo der certo (e vai dar!), em fevereiro você vai ser solicitado a fazer um ranking de preferências dos programas que te entrevistaram. Da mesma forma, os programas também farão sua lista em ordem de preferência. Então, um computador vai cruzar os dados – o famoso “Match”– e todos os candidatos receberão as respostas no mesmo dia (“Match Day”).
Aí já é tudo alegria e você vai começar a fazer seu orçamento para morar perto do hospital que vai te receber como residente. Mas isso já é outra história…
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Um abraço,
Até a próxima,
Juliana Soares Linn