[:pb]A gente fala o tempo todo em USMLE e, provavelmente, você já sabe que esse é o exame oficial para obter a licença médica nos Estados Unidos. Coordenado pela Federação de Conselhos Médicos Estaduais (FSMB) e pelo Conselho Nacional de Examinadores Médicos (NBME) dos Estados Unidos, o exame tem o objetivo de avaliar a capacidade do aluno de integrar e aplicar conhecimento científico, conceitos e habilidades em um cenário clínico similar aos que encontrará na vida real.
Ao todo são quatro exames, divididos em três Steps (Step 1, Step 2 – Clinical Knowledge & Step 2 – Clinical Skills e Step 3). Ao aplicar para a residência, serão avaliadas as notas nos Steps 1 e 2. Essas notas têm um peso muito grande no processo seletivo, mas vão se somar a outros critérios de elegibilidade.
Se eu tiver que resumir suas prioridades, eu diria: suas notas e networking. Tão importante quanto estudar para os exames é você formar sua rede de relacionamento. Participar de grupos internacionais, começar a criar conexões que cheguem a profissionais que possam abrir portas para você no momento certo, é fundamental!
Se você tiver condições, a melhor opção é se inscrever em programas de estágio nos Estados Unidos. Além de conhecer melhor o sistema médico americano, você terá a chance de formar sua network e aumentar as possibilidades de voltar para a residência no mesmo lugar que te acolheu para estagiar. Para tentar o estágio, o primeiro passo é procurar as listas dos hospitais abertos para receber estudantes. Algumas faculdades no Brasil têm convênios estabelecidos e existem hospitais americanos que oferecem programas de estágio de 15 ou 30 dias. A grande maioria exige que o estudante tenha feito pelo menos o Step 1 e alguns cobram uma taxa pelo programa.
Para o networking, tanto o USCE – US Clinical Experience (“hand on experience”, como externships, clerkships e elective internships) como os observerships contam. Existem diferenças entre estes tipos de estágios e quem pode aplicar para qual, mas vamos falar sobre isso em um outro post.
Com os estágios, você vai conseguir as famosas “cartas de recomendação americanas”. Quando meus alunos me perguntam sobre este quesito, minha orientação sempre é que devem ter uma carta de recomendação brasileira, que possa contar sobre sua experiência antes de ir para os Estados Unidos, e umas outras três de profissionais americanos, que possam falar a seu favor.
Algumas pessoas se preocupam bastante em publicar trabalhos, mas a verdade é que, a menos que você seja brilhante e tenha conseguido publicar algo nas revistas de primeira linha, publicações não contam tanto a seu favor na hora da sua avaliação para uma possível entrevista. Trabalhos voluntários podem ser muito interessantes e ajudam a falar muito sobre você, suas prioridades e compromisso com a medicina. Mas, normalmente, só recomendo isso aos alunos que têm tempo e já conseguiram boa nota nos Steps.
Mas sabe o que é um critério super considerado pelos avaliadores e que normalmente vejo alguns alunos não dando tanta importância assim? O personal statement. Isso mesmo! Saber contar a sua história, os motivos que o levaram a escolher a medicina, determinada especialidade em particular, o que te leva a querer sair do seu país e ir para os Estados Unidos, quais são as bases do seu compromisso, tudo isso é definitivo na hora de encantar quem vai decidir o seu futuro! Make it or break it!
Com tudo isso em dia, é só ficar de olho nas datas do ERAS – Electronic Residency Application Service, o portal oficial para se inscrever para residência. O ERAS 2020 abre em meados de junho e, se você já está com os exames e todo o resto em dia, já pode começar a preparar a sua aplicação (na verdade, você deve começar a trabalhar no seu personal statement agora!). Entretanto, só poderá enviar a sua aplicação para os programas de residência no inicio de setembro, mas é muito importante garantir que, até lá, tudo esteja completo, já que as fichas são examinadas por ordem de inscrição “first come, first served basis”. Ou seja, quanto mais cedo você enviar, maior chance tem de ser avaliado e selecionado para uma possível entrevista. Quer saber mais? Clique aqui.
Ah, você pode aplicar para mais de uma especialidade, mas pesquise bastante antes, pois sua ficha deverá refletir que você é uma boa opção para aquela vaga. Aí é só torcer pelas entrevistas, tendo em mente que o processo é presencial, normalmente entre setembro e dezembro. Depois de tudo isso (ufa!), você vai ser solicitado a fazer um ranking de preferências, que será cruzado com o ranking das instituições, o famoso “Match”. Nessa fase, tudo que você pode fazer é torcer para dar match!
Um abraço,
Juliana Soares Linn
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