Hello, guys. Tenho recebido muitas consultas sobre os tipos e locais de estágio disponíveis nos Estados Unidos. Esse é um assunto muito complexo mesmo, porque envolve vários níveis de decisão. De verdade, comprovar experiência clínica nos Estados Unidos é um fator que conta bastante na hora de concorrer a uma vaga de residência médica por aqui. Se a gente analisar com cuidado, está tudo interligado.
Experiência Clínica nos EUA
A licença para exercer medicina nos EUA só é concedida após a conclusão de um programa de residência local que, por sua vez, usa uma série de critérios para avaliar os candidatos: além dos resultados nos exames do USMLE, são consideradas as cartas de recomendação relevantes para a residência (LORs – Letters of Recommendation) , seu personal statment e seu histórico de atuação.
Nem todos os programas exigem uma USCE – US Clinical Experience. Mas, provando meu ponto de que tudo está conectado, todas as escolas pedem que você apresente cartas de recomendação. E as melhores chances de você conseguir cartas de recomendação de profissionais americanos é tendo feito um estágio por aqui, certo? O conceito gira em torno da ideia de que mesmo que um profissional tenha anos de experiência em seu país de origem, só é possível avaliar se ele conseguirá lidar com as exigências do trabalho em um ambiente hospitalar americano se ele, de fato, se submeter à rotina local.
Hands on experience x shadowing only
Quando pensamos em estágio, é bom lembrar que existem dois tipos de experiências. As mais valiosas para você são as conhecidas como hands on experience. Para os estudantes de medicina estas são os clerkships, clinical electives e sub-internships, e para os médicos já formados são os externships: em todas essas você poderá, efetivamente, acompanhar seus mentores nos procedimentos com pacientes. Nos estágios hands-on você tem as mesmas atribuições dos estudantes de medicina americanos. No sub-internship, inclusive, você vai atuar com um residente do primeiro ano (intern). Nesses casos, normalmente, você será o responsável por um volume maior de pacientes e vai poder sugerir a conduta, sempre sob a supervisão de um residente responsável. Se você ainda é estudante, conseguir uma USCE deve estar na sua “To do list” .
Agora, se você já é formado, conseguir uma hands on experience do tipo externship é muito mais difícil e suas opções, na maioria das vezes, se limitarão ao que chamamos de shadowing only – ou seja, os observerships – em que os alunos observam os preceptores no seu trabalho, mas, uma vez que não existe o vínculo estudantil, não podem ter nenhuma interação direta com pacientes. Mesmo com as limitações, a experiência te permitirá conhecer as rotinas e criar conexões com pessoas que podem ser importantes na hora de conseguir suas cartas de recomendação.
Tipos de estágios médicos
1. Clerkships & clinical electives
Para estudantes de medicina dos EUA, esses programas são normalmente realizados no 3º e no 4º ano no hospital da escola de medicina ou de suas afiliadas. Para IMGs (International Medical Graduates), o estágio e as rotações eletivas fazem parte do currículo de educação clínica.
Esses estágios são pagos e para conseguir uma vaga geralmente exigem um processo de aprovação ou afiliação direta à sua escola. Sobre os requisitos, cada instituição segue seus padrões. Te adianto, no entanto, que a maioria delas vai te pedir a nota (pelo menos) do Step 1 do USMLE, um comprovante de proficiência na língua (dispensável para quem já fez o Step 2) e uma letter of intent (em que você falará sobre quem você é e quais são as suas motivações, muito semelhante ao personal statement que conversamos antes, lembra?).
2. Observerships
Esses programas são abertos para estudantes graduados e podem ter diferentes configurações: hospitais, clínicas, atendimento ambulatorial, atendimento de urgência, etc. O objetivo aqui, além de contribuir para sua educação clínica, claro!, é causar uma boa impressão. Algumas maneiras de fazer isso podem incluir: tentar participar de pesquisas, oferecer-se como voluntário para apresentar casos, trabalhar em equipe e receber as cartas de recomendação (LORs).
3. Externships for IMGs
Ainda que mais rara, há ainda essa opção de um médico formado no exterior fazer um estágio do tipo externship. As ofertas são poucas, mas se você conseguir uma oportunidade, essa é uma ótima pedida, uma vez que conta como experiência clínica (hands-on experience).
4. Research elective
Com programas de pesquisa em uma universidade de renome, os estudantes de medicina podem obter crédito acadêmico. Mas tenha em mente que estas não são consideradas experiências clínicas.
Como conseguir um estágio médico nos EUA?
Você deve estar se perguntando o que precisa fazer na prática, né? Infelizmente essa questão não tem uma resposta objetiva. As maneiras de conseguir um estágio incluem (mas não se limitam a):
- Ver se a sua faculdade oferece algum tipo de programa em parceria com instituições americanas;
- Contatar diretamente os hospitais para saber se eles oferecem clerkships, electives, sub-Is;
- Participar de fóruns internacionais e, assim, se informar sobre a movimentação do mercado e fazer possíveis contatos. Essa opção é “menos frustrante” se você for acompanhando um mentor brasileiro, que possa te apresentar a possíveis “padrinhos”;
- Procurar serviços pagos de avaliação/sugestão de vagas, como o nosso Suporte para Estágio Médico Internacional. Se optar por contratar esse tipo se serviço, fique atento a perguntar se o hospital indicado tem histórico de residentes estrangeiros e se você rodará com uma pessoa ou com muitas. O problema de rodar com muitas pessoas diferentes é que nenhuma delas vai te conhecer o suficiente para escrever uma carta de recomendação (isso é algo para ser ter em mente e sempre perguntar).
- Se despir de qualquer ponta de vergonha e fazer contatos pessoais com profissionais que possam funcionar como um mentor, alguém que vai te indicar para possíveis vagas. Um dia, a porta abre!
Pré-requisitos para fazer um estágio médico nos EUA
Sobre os requisitos necessários para tentar um programa de estágio, sugiro que você pesquise caso a caso, pois cada instituição segue seus padrões. Te adianto, no entanto, que a maioria delas vai te pedir o Step 1 do USMLE, um comprovante de proficiência na língua e uma letter of intent.
Dito isto tudo, acho que ainda vale acrescentar que a maioria dos programas são de duas a quatro semanas, alguns deles exigem uma taxa de inscrição (não reembolsável, mesmo em caso de não conseguir a vaga) e, assim como o MyERAS, sai na frente quem se inscreve primeiro. Portanto, mesmo que não tenha intenção de estagiar este ano, vale a pesquisa sobre as datas importantes no calendário de cada escola, para se programar.
E aí? Clareou um pouco? A escolha de um programa de estágio requer muitas tomadas de decisões. Qualquer dúvida, entra em contato conosco. Para todos os alunos da academia, a ajuda neste processo já está incluída nos nossos serviços.
Até a próxima,
Um abraço,
Juliana Soares Lin